domingo, 1 de agosto de 2010

Coluna

A Usurpadora- Um clássico da Televisa

Salvador Mejía Alejandre alcançava seu maior êxito nessa produção de 1998, onde ele se superou. Todos se apaixonaram por A Usurpadora, a favorita de muitos, uma novela que deu o que falar dentro e fora da história. A começar pela escalação da atriz principal. A primeiríssima cogitada foi Thalia, que não aceitou, daí vários nomes foram cotados, até que Carlos Romero, o escritor da novela, sugeriu o nome de uma desconhecida: Gabriela Spanic, uma venezuelana. Ainda que vítima de alguns preconceitos por não ser mexicana e protagonizar uma novela no horário nobre, Gabriela Spanic experimentou uma fama instantânea e merecida. A história era um remake de El Hogar que Yo Robé, com Angélica Maria, mas A Usurpadora superou a original. A novela atingiu recordes há muito tempo não alcançados, tanto no México quanto no Brasil, onde deu muita dor de cabeça ao Jornal Nacional. Os críticos brasileiros acabaram reconhecendo que a história da novela era empolgante, por isso atraía tanto público. Justo pela magia do elenco e pela maneira que os personagens foram se desenvolvendo, já que gêmeas não é um assunto novo aqui no Brasil. Mas A Usurpadora tinha algo especial. Essa foi daquelas novelas onde todos os personagens marcaram, e a família Bracho ainda é uma das mais recordadas das novelas. Isso acabou resultando em muitos destaques no elenco. A começar por Gabriela Spanic, que brilhou como Paulina e Paola, a gêmea boa e má, respectivamente. Com todos os artifícios para diferenciar as duas, desde o figurino à voz, ela evidenciou muito bem quem era uma e quem era outra. Mas ainda que o público torcesse pela felicidade de Paulina, de quem ele gostou mesmo foi da exuberante Paola. Era meio óbvio, afinal, a malvada era bem interessante. Talvez pela exagerada ingenuidade de Paulina que por muitas vezes, não convenceu. Enquanto isso, Paola brilhava com suas maldades, sua sensualidade e sua risada inesquecível. A novela também marcou o regresso da grande Libertad Lamarque, a eterna rival de Evita Perón às novelas mexicanas. Também tornou de Vovó Piedade um personagem inesquecível. Foi uma personagem sempre muito atuante na história. Ao seu lado, Magda Guzmán, na pele da sofrida governanta Adelina. Juan Pablo Gamboa surpreendeu, depois de ter vindo do bondoso Álvaro de Esmeralda, encarnou muito bem o malandro Willy, um verdadeiro canalha que após tentar incendiar a fábrica Bracho, termina seus dias sozinho e atrás das grades. Também nas vilanias, Dominika Paleta como a sedutora Leda chamou a atenção. Mas a grande atuação da novela foi a de Chantal Andere, impecável na pele da atormentada Estephanie Bracho, uma mulher que refugiava-se em uma religiosidade doentia para esconder seus verdadeiros sentimentos, e agüentar a infidelidade explícita de Willy, seu marido. Chantal teve em Estephanie seu melhor papel em novelas, mas foi injustiçada nos prêmios TVyNovelas, ao ser ignorada pela crítica. Uma pena, Estephanie foi maravilhosa do início. A novela ainda teve inúmeras participações especiais como Nuria Bages, Miguel de León, Iran Eory, Silvia Derbez, René Muñoz, Silvia Caos, Laura Zapata, Azela Robinson e Arturo Peniche, que viveu Edmundo Serrano, o advogado que tirava Paulina da cadeia e lutava por seu amor, em vão. Arturo Peniche finalmente ficaria com Gabriela Spanic em La Intrusa, projeto semelhante a A Usurpadora. A idéia original de Carlos Romero era inclusive, fazer uma trilogia de gêmeas, semelhante à famosa Trilogia das Marias estrelada por Thalia. Devido ao fracasso retumbante que foi La Intrusa, o projeto foi abandonado. Mas houve um problema em A Usurpadora: por mais que a história principalmente fosse muito atrativa e tenha cativado do início ao fim, faltaram mais histórias paralelas, pois quase nunca o assunto deixava de ser mesmo. Também no grande espaço que deram a Sergio Miguel como o insuportável Carlinhos Bracho, Paola tinha toda razão ao querer mandá-lo para um internato, como o momento em que ele se perdeu, o pior momento da novela. Fernando Colunga esteve fraquíssimo como Carlos Daniel, um personagem extremamente vulnerável. A Usurpadora fez tanto sucesso, que meses depois o público exigiu uma continuação. Veio então o especial Mas Allá de la Usurpadora, que aqui no Brasil marcou o início da inesquecível Tarde de Amor. Esse especial contou com a presença da estrela Yadhira Carrillo, e também serviu para consertar o erro cometido no final da novela original. Depois de passar meses sofrendo, Estephanie acabou louca. No especial, ela recuperava a lucidez. O especial foi outro grande sucesso, marcando uma alta audiência. A Usurpadora revitalizou o SBT em termos de novelas latinas. No início de 1999, Luz Clarita havia sido exibida, mas sem dar continuidade às tramas latinas. Mas com A Usurpadora, o SBT voltou a se orgulhar das novelas mexicanas. Dali em diante, foram surgindo vários outros horários, os dois de Tarde de Amor inclusive (um com o especial que durou dois dias, e outro com a reprise da novela). Foi um verdadeiro fenômeno, a novela deixou muitos fãs e muitas saudades. Realmente, uma história inesquecível.

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